domingo, 2 de novembro de 2008

Transmigração da alma...

Depois de ler uns documentos com alguma base científica, achei a teoria do “arquitecto eléctrico” interessantíssima. Como provamos a existência da alma? Sabemos que a vitalidade de dois órgãos é crucial para a nossa sobrevivência: o cérebro e o coração. Sem todos os outros órgãos já assistimos à sobrevivência das pessoas, mas sem um destes dois essa realidade não é possível. Mas esses órgãos precisam de uma “faísca” para trabalhar. De uma energia que os movimente. Conseguimos provar que essa energia existe, não só por que sabemos que o cérebro e o coração trabalham, mas também porque conseguimos medir a actividade eléctrica desses órgãos através dos electrocardiogramas e dos electrocefalogramas. Quando um desses órgãos morre, dá-se uma paragem da actividade eléctrica e é a essa força que quero chamar de vida, ou o princípio da vida animada, ou por conseguinte: alma. É preciso compreender também o movimento a nível celular, da matéria orgânica. Uma célula no nosso corpo é infinitamente pequena, tão pequena que só com microscópios muito potentes as podemos visualizar. É preciso compreender que o nosso corpo é constituído por milhões de biliões de células. E cada célula contem no seu núcleo uma única linha de ADN (ácido desoxirribonucleico). E essa linha é tão longa que se a desenrolássemos e a conseguíssemos esticar, ela mediria cerca de dois metros. Cada linha de ADN é idêntica e contêm milhões de pedaços de informação. Os genes que determinam tudo: a cor dos olhos, a quantidade de pêlos, a formação dos dedos, a altura, etc. Tudo o que predefine o nosso organismo. O problema é que ninguém consegue explicar, é como é que a linha do ADN consegue comunicar com uma célula. Como é que lhe diz para se tornar numa unha do pé, numa parte do cérebro ou para fazer parte integrante do fígado, etc. Há qualquer coisa de inexplicável que comanda certos genes na linha do ADN para os activar ou desactivar, para subconsequentemente, estes comunicarem com a célula em questão, dizendo à mesma para crescer e fazer parte de qualquer coisa. De um órgão ou qualquer parte integrante da anatomia humana. Quando procuramos o principio-base dessa comunicação ADN/célula, observamos que existe uma descarga eléctrica. É essa descarga que tem um papel crucial nessa comunicação. Descobriu-se que esse campo electrodinâmico não é aleatório. Daí o nome “arquitecto eléctrico”. De algum modo desconhecido, esse “arquitecto eléctrico” trabalha com um padrão em mente, que vai dizer às células no que se devem tornar e que tarefas vão desempenhar, incluindo tarefas relacionadas com o pensamento. Agora a parte mais simples. Os seres humanos seguem instintos desde o seu nascimento, para os quais parece não haver explicação aparente. Como é que um bebé sabe que deve mamar e sabe inclusivamente como fazê-lo? São padrões comportamentais que vêm no ADN, e que podem ser transmitidos através dos genes de parentesco. Do mesmo modo que o ADN constrói o cérebro através de experiências de vida, pode conter memórias ou comportamentos de um antepassado. O que só prova que o conhecimento pode eventualmente ser transmitido através de diferentes gerações. Isso pode estar relacionado com a memória genética, o que pode explicar certos traços de personalidade transmitidas de um bisavô para um neto, sem nunca se terem conhecido. Agora a conclusão. Um átomo quando libertado dos seus constrangimentos moleculares, comporta-se de um modo inesperado. Ou seja, depois da morte de um ser (por exemplo), os seus átomos após a libertação, não se combinam com qualquer átomo que encontram. O mais curioso é que quando observado o comportamento de um átomo, pode concluir-se que o mesmo átomo só se vai combinar com um átomo pelo qual possa sentir afinidade. Portanto não se combina com qualquer um. Ou seja a nossa “alma” é livre de vaguear até se voltar a combinar/”misturar”. Ora se um telemóvel consegue transmitir informação sem fios, o cérebro que é bem mais potente em termos energéticos do que um telemóvel, também pode. Nós podemos tocar no telemóvel assim como nos nossos corpos. A nossa energia não é palpável nem visível mas é medível assim como a de um telemóvel. Só a informação (que está no ADN) é que se pode ver ou sentir num corpo assim como uma mensagem de um telemóvel só se pode ver no outro e não no ar. Assim, ponho a questão: será a transmigração da alma (reencarnação) possível?

Lord Death, iii nov. anno MMVIII

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Alpha & Omega

Neste momento a era de planck é irrelevante para o futuro (a não ser para os físicos que estão ligados à cosmologia). É importante só para a tentativa de compreensão de certos fenómenos primordiais e só se torna mesmo fundamental, quando comparada com fenómenos presentes. É claro que se a teoria da VSL (Variable Speed of Light) estiver correcta (como eu penso que está), vai destroçar parte da teoria inflacionária do cosmos primordial logo após o grande Big Bang. E vai resolver muitos problemas cosmológicos permitindo perceber um pouco melhor da semântica cosmológica. Mas, porém, como a velocidade da luz agora é supostamente menos rápida do que na era de planck (300.000 km/s), os primórdios cosmológicos tornam-se menos importantes para o futuro do Universo. Ora bem... Big Crunch ou Big Freeze? Qual destas forças vai prevalecer? Eu penso que um Big Crunch é mais favorável, até para que haja vida de novo após a morte de todo o Universo cósmico como o conhecemos. E tem mais lógica haver um novo Big Bang do que simplesmente o espaço se tornar numa espécie de cemitério cósmico. Só que não acredito que saia tudo igual de novo. Se assim fosse tudo isto se tornava numa espécie de "prisão" cíclica. Mas indo ao que realmente interessa. Será que a matéria negra é suficiente para fazer com que o Universo se compacte todo em matéria de novo? Aparentemente há aqui dois problemas. Todos sabemos que a matéria se atrai e que quando maior a sua força gravítica mais consegue atrair matéria menor físicamente. Ora os corpos atraem-se assim como a gravidade nos puxa para o chão. A matéria negra calcula-se que seja dez vezes mais do que o resto de toda a matéria do Cosmos. Ora vai atraindo os corpos do resto da matéria e assim desacelera o processo de expansão que o próprio Universo tem derivado à grande explosão primordial. Mas há outra força que impede que este processo de atracção seja mais poderoso e mais rápido do que ele realmente é. E assim parece que o prato se está a equilibrar e quem sabe se não vai permitir uma estagnação material no cosmos? A força que impede o Universo de se compactar mais rápidamente chama-se energia negra e é 70% da composição da matéria negra. Só que a matéria negra atrai e a energia negra possuí um potencial anti-gravítico. Ora assim sendo, a energia negra faz o contrário da matéria, ou seja: repele/afasta a matéria de si. Assim sendo, não sabemos qual destas forças irá ganhar. Será a que atrai ou a "repelente". Estará o Cosmos a expandir-se ou por outro lado a compactar-se? Não sei... mas espero que não se expanda muito mais.

Lord Death xi Out. MMVIII

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Barrigas cheias... de nada

Ontem fui a um site de notícias cibernético e deparei-me com um link curioso que dizia: "temos fome". Guiado pela curiosidade, cliquei no link. Abriu uma nova página com um título que dizia: "fome na Etiópia". Bem, só tinha mesmo o título para ler, o resto eram tudo fotografias. Todas as photos continham imagens chocantes, de bebés e crianças em sofrimento por causa do flagelo da fome. Não vou descrever os hediondos pormenores, pois toda gente já viu imagens daquelas, mas algumas eu nunca tinha visto. Foram as piores que já vi até hoje. De seguida lembrei-me que um conhecido meu de S. Tomé e Príncipe me tinha contado que os EUA à uns anos atrás não davam importância à maioria dos países africanos.S. Tomé como era um país desprotegido, não tinha capacidade para gerir a entrada de emigrantes criminosos vindos de outros países africanos. Como não tinham essa dita capacidade, todos os dias entravam pessoas de reputação duvidosa naquele país e atormentavam muitos populares (Muitos provinham de milícias de países mais perigosos). Mas contou-me também que esses mesmos EUA pouco depois de S. Tomé ter descoberto um pequeno poço de petróleo, instalaram um sistema de segurança e controlo de emigração ilegal e ainda se puseram ao dispor de S. Tomé para o que eles precisassem. Mostraram-se logo muito preocupados com S. Tomé após a descoberta do poço. Claro que a ajuda veio por causa do peteóleo e claro que depois me lembrei dos milhares (de americanos, afegãos e iraquianos) que foram chacinados em prol do petróleo. Os ataques ao Afeganistão aos quais ninguém se opôs, a queda se Saddam que tantos no seu país veneravam. Enfim... as atrocidades. E depois lembrei.me de perguntar: Mas com que direito uns morrem à fome quase à nascença enquanto outros governam com barrigas cheias de "quero mais e mais"? Que mal fizeram as crianças da Etiópia e com que direito é que os EUA atacaram duas nações sob quase nenhum pretexto? Que direito tive eu de assistir a isso tudo sentado confortavelmente em frente ao meu ecrã? Porque é que em nome do pretróleo se invocam defesas de povos contra a ditadura e em países como a Etiópia ninguém faz nada? Isto afectou-me profundamente e mais... ainda me afecta. Se algo está mal, está mal com todos nós e por causa do todo. Ninguém tem de sofrer em África para que os povos "mais desenvolvidos" vivam confortavelmente. Isto não faz sentido nenhum pois somos todos humanos. Ou não somos?

Lord Death, iii Out. MMVIII

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Uma mensagem de paz

À uns meses atrás fui a um festival transmontano de musica tradicional. Às duas da tarde lá estava eu à porta do panteão nacional à espera de um casal de amigos que vinham comigo de boleia. Ela, uma rapariga alta, morena, magríssima e sobretudo cósmica. Ele, um pequeno árabe líbanês de Beirute. Alguém me ligou durante a longa viagem na auto-estrada que liga Lisboa a Bragança, já a meio do percurso, no fim do ribatejo. Explico à pessoa que está do lado de lá da linha, o sítio onde me encontro, para onde vou e com quem me dirijo para tão longínquo destino. A voz do outro lado num tom sarcástico e brincalhão responde: "epá, levas aí um terrorista no carro. Vê lá se tens cuidado". Após estas palavras, rí-se e despede-se de mim com uma benção para a viagem. Contínuo a fatigante jornada sabendo que no fim vou ficar satisfeito. À chegada, festa, canecas de vinho, gaitas-de-foles, tambores, alegria e muito boa disposição. As gentes nortenhas são mesmo assim. Quentes e acolhedoras como um raio de sol a aquecer-nos a pele numa tarde fresca de inverno. Passo lá duas noites em festa e a aprender árabe com o meu pequeno amigo. Descubro mais uma terra perto desta, cheia de oferendas da natureza. Esse pequeno amigo ao contrário do que muitos pensam, só transmite paz. Agradece muito e pede quase nada em troca de boa disposição. Pede apenas um sorriso e amizade. Conhece as orações islâmicas na sua plenitude mas não as pratica, pois não tem qualquer crença religiosa e é contra a guerra que tem assolado o seu país e países vizinhos. Eu peço-lhe uma oração e ele contempla-nos com uma reza (cantada) que é um chamamento para as mesquitas de Beirute nas horas desses ritos sagrados. Apercebo-me numa das inúmeras conversas que tivémos, que não gosta de guerra mas nutre uma pequeníssima aversão pelos hebreus, como a que os portugueses têm por vezes dos espanhóis. Afinal não somos assim tão diferentes. Eu acho os árabes todos parecidos mas o Dalai Lama quando o vi no Pavilhão Atlântico também nos achou muito parecidos com os espanhóis. Afinal somos todos humanos, digo eu. Findas as duas noites nortenhas a acampar, venho-me embora sózinho. A minha amiga vai para outra terra noutra boleia e o árabe vai observar aves com dois amigos mútuos. Eu parto e desta feita venho sózinho por estradas secundárias direitinho à Serra-da-estrela. Vou lá ficar em casa de um outro amigo, numa terra muito bonita de seu nome Loriga. Nesta viagem só vou por dentro de montanhas e serras, de encontro à minha espiritualidade. Só eu em estradas curvas, a subir e a descer, sem som (o rádio queimou entretanto), com o sol e as montanhas. Encontro-me a mim mesmo. Páro nalgumas terras lindas e pequeninas que não lembram a ninguém. As estradas rurais com os muros em pedras amontoadas, as igrejas antigas as casas de pedra e telhas velhas, os lobos, as gentes envelhecidas com as peles queimadas do sol e enrogadas da idade e endurecidas do trabalho do campo. A isto chamo vida. Durmo em Loriga nessa noite. Ao chegar, os familiares e amigos do meu amigo "loriguenho" cumprimetam-me em festa como já é habitual. (Tenho amigos por tudo quanto é sítio). No dia seguinte volto para Lisboa e trago esse amigo serrano. Passam uns meses e agora à umas semanas atrás, o meu amigo árabe vai voltar pasa a sua terra. Levo-lhe um pedaço da cultura Lusitâna. Um livro de literatura e fotografia sobre as máscaras ibéricas. (De uma exposição de um fotógrafo amigo meu que esteve exposta na estação do rossio). Encontramo-nos na praça de táxis da graça perto da "voz-do-operário". Abraço o árabe e dou-lhe o presente. Ele ama-o logo á primeira e exprime essa gratitude pagando-me logo um copo. Como não queria beber alcool, pagou-me uma garrafa de água. Despedimo-nos em abraços e palavras árabes como "habib". Um sinal com a mão no coração e um convite para que eu vá a Beirute visitá-lo. Prometo que sim, um dia.
Escrevi estas linhas a pensar numa menssagem universal que não consigo exprimir bem. Na festa transmontana estavam pessoas de várias culturas e diferentes países. Acho que me sinto um verdadeiro multiculturalista como na frase de sócrates: "não sou ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo". Assim não me sinto lisboeta nem português, mas sim um curioso do mundo.

Dedicado a Ralph Nashawaty.

Lord Death, xxx sept. MMVIII

Poderão haver coicidências?

No outro dia saí das aulas (no ensino nocturno) após uma conversa com uma Stôra de História, acerca da Maçonaria. Pois dizia-me a senhora, que um colega dela (professor universitário) tinha sido convidado a entrar nessa "casa" de selo nobre e que o mesmo tinha rejeitado tal proposta. Disse-me ainda que se ouvia pelos corredores do país, (em tons de susurro) que qualquer pessoa ligada à política, só tinha alguma "voz" se pertencesse a essa mesma ordem. Não concordei nem discordei, às vezes vale a pena saber ouvir e reflectir sobre o que se ouve (pois nesta terra já ouvi de tudo). No dia seguinte fiz uma coisa rara quando saí de casa. Liguei o rádio do meu carro e escutei um programa (o qual não me lembro do nome) na frequência 104.3. É notório que não gosto muito de rádio, mas esse programa que dá durante a tarde, é um tanto ou quanto interessante. Mal o ligo, os locutores entram-me no carro dizendo que ás "x" horas vão emitir um programa especial ligado à maçonaria, com entrevista a dois personagens ligados a essa ordem. Fiquei de ouvido mais desperto devo confessar. Antes das tais "x" horas passo por uma biblioteca académica e desperta-me a curiosidade, um livro de Margarida Rebelo Pinto intitulado de "Não há coicidências". Já um amigo meu me falou à uns anos atrás, desse mesmo livro. Um amigo que vive em constante paranóia e que acredita piamente nisso, que não existem mesmo coicidências e que tudo está ligado e controlado por "alguém". (Devo desde já confessar que não tenho amigos normais). O título não deixa de ser curioso e irei com toda a certeza lê-lo num destes dias, requisitando-o talvez nessa mesma biblioteca. Saio da bibiloteca olhando para o relógio e dirijo-me ao meu meio de transporte na esperança de ouvir a "tal" entrevista. Ligo o rádio e lá começam eles. Dizem coisas que já sabia (estes assuntos sempre foram do meu interesse) e coisas que desconhecia (poucas). Uma curiosidade, a ópera "A flauta mágica" tem requintes maçónicos e tem um grande simbolismo para essa ordem. Surpreenderam-me, pois foi a minha primeira ópera e a que nunca vou esquecer. Vi-a num anno qualquer, algures em dezembro, no Pavilhão Atlântico e agora pergunto-me: "Quantos maçons estariam lá dentro naquele dia? E quem eram?". Afinal tenho mesmo gostos requintados. Rio-me após a última afirmação. Coicidência ou não, no mesmo momento em que estava a ver essa ópera, um ente querido meu falecia num acidente de viação. Talvez por isso ainda me lembre bem da personagem que em austríaco apelidavam de "Rainha da noite" e imagino o acidente em câmera lenta enquanto oiço a dita "Rainha" a cantar numa língua germânica e muito bem trajada. Acabo de ouvir a entrevista e desligo o rádio, parando um pouco para reflectir sobre aquilo que ouvi. O silêncio é quase total (não fosse o facto de estar num meio mais urbanizado). Levanto a cabeça e olho em frente. Estou no parque de estacionamento da minha escola, num sítio onde nunca tinha posto o carro. E o que vejo eu quando olho em frente? Um símbolo maçom esculpido em pedra mesmo à frente do sítio onde estou estacionado. Um símbolo maçom na minha escola, muito discreto e com os "olhos"(vértices) apontados para todos os lados. E visto isto, penso de seguida: Será que não há mesmo coicidências?

Lord Death, xxix sept. MMVIII

domingo, 28 de setembro de 2008

Bairro alto

Já lá não ia há alguns anos, (pelo menos não desta maneira). Mudei eu e mudou o bairro. Mudaram as pessoas, as curiosidades, as luminosidades, as bebedeiras, as drogas, os cheiros, a segurança enfim... as coisas. Deixo o carro perto do largo de camões (algures entre esse e o largo do chiado). Trago dois amigos comigo, um já experiente em matéria de bairro alto e musica agressiva, o outro virgem deste espírito bairrista e mais novo. Subimos até bem perto da tasca "As primas" vejo uma amiga e cumprimento-a com abraços e beijos de quem já não se vê a muito. Aparece logo outra na companhia desta que me vem cumprimentar e mais outra um pouco tímida e distante. Esta ultima não parece gostar da minha presença, (venho a descobrir mais tarde que é lésbica). Seguem-se os copos. Bebo da sangria da minha amiga e desapareço sob o mar de gente típico daquela rua. Os habituais "dreads" na esquina e os metaleiros mais acima sob o olhar atento dos "skins". Entro na tasca habitual onde se ouve metal nos tempos que correm, (as antigas fecharam há muito). Dizem-me que a velhota que me servia o vinho morreu. Fico triste e chateado. O meu amigo mais novo vai-se com a maré ao avistar amigos de passagem. Parte com eles em busca de novas experiências. O outro, entra no bar de metal em frente aguardando que eu lá apareça. Bebo um copo de vinho tinto na tasca ao som de Bathory. Vou-me até ao outro bar de metal (que é relativamente recente). Seguem-se os (re)encontros. Os metaleiros bebedos e já "old school" (da velha guarda do metal). Cumprimentam-se aos berros e ao som de "White Zombie". Segue-se uma set list interessante enquanto despejo mais umas cervejas na mistura. "Territory" de Sepultura e logo de seguida uma "Fucking hostile" de Pantera. Depois já não me lembro do resto da set list pois já estava embriagado no suor, no som, nas amizades, todos a berrar, todos abraçados, com o alcool a correr nas veias e todos a cantar. Enfim, uma alegria. Um cai no chão, três ajudam-no a levantar-se. Típico de ambiente de metal. Os skins ao balcão a olhar para nós sem saberem quais são as musicas que passam. As 4h da matina vou-me embora. Começo a descer o bairro e encontro mais amigos e amigas pelo caminho. Procuro o mais novo que está enfeitiçado pelo espírito bairrista e, na compahia do outro vamos embora. Fico preocupado com tanta polícia por todo o lado. (É que não quero parar numa operação STOP e soprar no balão). Seguem-se os batedores. Ligo a uns que já foram à frente e pergunto-lhes se já viram operações da GNR. Respondem-me embriagados que ainda não fizeram o caminho todo. Meto-me no carro a ouvir som na companhia dos outros. Desta feita rádio. Abro as janelas para respirar, e o meu amigo mais novato oferece boleia a todas as raparigas embriagadas que vê. Como é natural elas fogem (até as brasileiras que não haviam a uns anos atrás a bairrar por Lisboa). Desta vez uma novidade para mim: ninguém me perguntou se queria comprar haxixe. Resultado talvez dos inumeros guardas que habitam actualmente o bairro alto. Ganho coragem e ligo o carro. Desço até ao cais do sodré e paro no "caldo verde". Como um pão-com-chouriço e ponho-me a falar com uns putos da claque do Benfica. Ganharam ao Sporting nessa noite e estão todos contentes a fumar uns charros. Um provoca-me e o alcool que está em mim oferece-lhe um estalo. Os outros pedem-me para ir embora. Recebo um telefonema com boas noticias: não há brigadas-de-trânsito até casa. Vou-me embora bem acompanhado por eles e por ela. Há demasiados candeeiros em Lisboa nos tempos que correm, penso eu. Há também muita gente demasiado jovem a beber e a cair aos bocados como eu fazia à uns anos atrás. Aliás eles olham para mim como eu olhava anos atrás para uns tais de metaleiros "old schools". Deixo um amigo em casa e trago o outro para dormir na minha. Deito-me de repente e acordo no outro dia para escrever isto.

Lord Death, xxviii sept. anno MMVIII