domingo, 29 de novembro de 2009

Desigualdades...

No meu bairro, as pessoas de média classe e de classe alta (se é que existe realmente uma classe alta naquele bairro) troçam das desigualdades sociais e falam mal dos mais pobres. Eu sei porquê: é por medo! Têm medo de perder protagonismo e de serem roubadas ou assaltadas quando apregoam que nunca se deixariam caír nessas coisas. E condenam os crimes dos mais pobres cometendo eles crimes mais graves. Conheço dessas classe sociais muita gente e posso dizer que vistas as coisas pelo meu prisma (de Observer) elas não são bem como se falam. Ora bem, eu passei noites a fio a beber copos depois das aulas numa tasca onde param os "meninos de bem". Jogávamos Poker, falam mal uns dos outros quando os outros não estavam presentes, o cínismo para com os "amigos" era enorme, as raparigas que la paravam então fartavam-se de troçar de alguns desgraçados que não tinham namorada (pensavam que eu não ouvia as conversas), os rapazes tentavam fugir cada vez que aparecia gente "pobre" para não partilharem o vício do jogo. Fumavam uns charros às escondidas, troçavam dos velhos que ali viviam e que muitas vezes os serviam no café, etc. Na escola a mesma coisa. Ninguém respeita sinais de trânsito é tudo muito snob, muitas delas (principalmente uma) não são ninguém se não forem os desgraçados dos maridos a trabalhar para as sustentar e mesmo assim elas vão para a sala de aulas falar mal dos seus companheiros. Fazem-se de ricas, criticam os que têm menos, bajulam Profs. para terem melhores notas, fazem-se entendidas nos assuntos pelos quais não pescam nada e dizem babozeiras do estilo que os professores ficam encavacados mas não dizem nada para não estragar o ambiente.
Parece-me então que esta gente não tem o dinheiro que apregoa ter, mas sim chorudas dívidas ao banco e algumas confessaram-me que até pequenos crimes praticavam para terem bons carros e casa mais ou menos boas. Afinal qual é a sua riqueza? A hipocrisia e o cinismo. Ricos só nisso mesmo.
Por outro lado eu passei algum tempo com o pessoal "das barracas" e pude constatar outro tipo de coisas (que me agradaram). Passei algum tempo em festa numas barracas. Musica tocada em violas, comida com fartura, uns copos, ninguem fala mal de ninguém, enfim alegria. Estes sim, pobres de bens mas ricos em espírito. Fui caçar com eles (só para ter a experiência porque abomino os maus tratos a animais, mas não quando os matam para sobreviver). Apanhámos muitos ouriços cacheiros e alguns coelhos. Roubamos couves e outras hortaliças e tubérculos numas hortas ali perto. Apanhámos lenha, fizemos a comida e comprámos vinho. A jogar as cartas, a fumar, a beber e a comer a cantar enfim a curtir. Quando acontece algo com um acontece com todos e assim se vive na alegria e satisfação de não falar mal de ninguém. As pessoas são mais chegadas umas às outras e falam-se bem. Também discutem mas nunca com malícia. São discussões verdadeiras, pela honra, etc.
Na minha antiga escola diziam-me que quando mudasse de escola que ia para um sitio pior porque na outra escola eram só gandins e pretos etc. Sabem o que constatei? Uma escola muito mais bem organizada, cheia de programas e iniciativas feitos pelos alunos. Multiculturação racial ali. Ali para além de aprender a matéria, aprendo também coisas da vida. Pela primeira vez tenho uma Stôra negra sabem o que lhes digo? Aprendi mais com ela em 3 meses do que com a minha antiga prof em dois anos da disciplina de português. mas são apenas maneiras de dar aulas a outra também não era má pessoa até pelo contrário. Mas tinha o condão de só ouvir bem as alunas que a bajulavam e esta puxa obrigatóriamente pela turma toda e obriga-nos a participar a todos sem excepção. Aqui ninguém é posto por tabela por se vestir seja como fôr. E na outra escola havia uma rapariga assim com aspecto meio "guetto" e algumas profs ignoravam-na ao invés de a ajudar. Quem é que a ajudava? Eu. Estive dois anos a motiva-la, Sabem o que aconteceu este ano porque saí de lá? Esteve lá dois meses e já saiu da escola. Mas eu é que tinha de detectar aquele mal e evitar o abandono escolar dela e de outras colegas? Eu que lutei pelos interesses dos alunos naquela escola ditaturial? Eu que pertenci ao conselho geral transitório (eleito por votos). Quando entrei para a escola eram uns 15 alunos na turma. Agora que saí e perguntei quantos lá estão responderam-me 4 alunas. Ainda por cima os profs lixaram-se com a história do abandono escolar porque no ano passado erámos já uns 9 ou 10. Mas a meio do ano saiu uma. Nas matrículas deste ano com uma turma de 8 alunos mesmo que saisse um, bastava entrar outro que a média ficava igual e or profs nao eram prejudicados. Eu saí e nao fizeram força para que eu ficasse porque entrou outra. Resultado essa e a outra miuda "guetta" já abandonaram o barco e mais uma que nunca apareceu.

Lord Death xxix nov. anno MMIX

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ordem Mundial

Na velha ordem mundial era notória a presença de armas para que as maiores ecónomias crescessem. Desde que a pólvora fora descoberta e a química, a biologia, e a física caminharam juntos com a técnologia informática dando passos gigantes que a guerra e as mortes em massa foram tendo um papel preponderante nas sociedades ditas mais evoluídas. Nos EUA as pessoas podem adquirir facilmente uma lincença de uso e porte de arma para defesa pessoal, após um período de espera de 15 dias e desde que se seja maior de idade. Ora muita gente compra armas e depois faz dinheiro com elas dizendo que as perdeu ou que foi roubado. Para não falar do armamento que é vendido pelos EUA aos países africanos e constantes trocas com países como a Russia. Assim, as armas chegam ilegalmente à europa e à Ásia como se de água se tratasse. Mas o porquê disto tudo? Bem, os republicanos americanos sao detentores da maior parte das fabricas mundiais de armas. E os estados unidos como fornecedores para os europeus durante a primeira e segunda guerras fizeram com que a sua ecónomia prosperasse por muitos anos. Agora, porém a ordem mundial é muito diferente. Os republicanos interessam-se por outras coisas que dêm menos nas vistas e estão a perder o verdadeiro poder: o de ser visto e controlar tudo o que é comunicação social. Porque já nao é preciso, na televisão PUB, filmes e briquedos todos já possuem armas e acção qb. que passe sublinarmente para a cabeça dos mais jovens e não só. Mas agora o poder passa pelos ministérios de saúde que inventaram novas ideias de que em todo o mundo as ecónomias prosperassem de outras maneiras. É claro que os grandes ministros nada podem fazer porque estão atolados em opiniões de economias sustentáveis e rentáveis que não podem deixar cair, principalmente se forem americanas ou pertencentes à UE. Pressionam a uma nova gestão dos hospitais dos sistemas nacionais de saúde, incentivam (por causa dos preços e impostos) à química alimentar e ao faste food e ao petróleo. Assim, não só afectam o planeta mas a nós todos. Os médicos fazem contractos com as marcas dos laboratórios (ainda que esses contractos sejam ilegais) químicos e ganham comissões à receita. Isto é grave. Os hospitais deviam de estar mais aliviados perante a ameaça do h1n1 e pelo contrário estão cheios. Nas urgências e nas consultas. E os seguros de saude estao a subir a sua importância em numeros estonteantes, porque na saude privada isto já era uma prática habitual. Até miudos e animais já têm de usar excesso de medicamentos. Ora são hiperactivos ora estao deprimidos. As operações sao incentivadas sem interessar ao risco e as farmácias sao dos melhores negócios que se pode ter.
Como podem ver a industria farmacológia é a nova ordem mundial. Antigamente queriam enchernos as mãos de armas. Actualmente querem enchernos de medicação.

Lord Death xxiv Oct. anno MMIX

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ecologia política...

Acho que esta política de isenção de impostos automóveis para quem tenha carros eléctricos, é uma politica muito boa. Agora eu acho também que faltam mais coisas que se possam fazer para um país mais verde e ecológico do que o que se faz ainda. Acho bem que os domingos sejam dias poribitórios a que se circule de carro em plena Lisboa. O trocar de carro por um carro ecológico traz-nos alguns benificios em termos de subsídios tambem. Agora também acho que pessoas que queiram construir casas ecológicas, devam ter isenção de alguns impostos por determinado tempo. E que para se aprovarem construções de prédios para habitação ou escritórios nas grandes cidades, se tenham que ter requisitos como: Garagem obrigatória e paineis fotovoltaicos. As nossas empresas estaduais (hospitais, faculdades, escolas, prisões, bombeiros, equadras, etc) também deveriam ter paineis fotovoltaicos e solares. Assim sim... o tratado de quioto seria mais respeitado.

Lord Death,xiv out.
anno, MMIX

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Zombizismo urbano

O que nos trouxeram as grandes cidades como legado? Nos primeiros sécs. de desenvolvimento industrial, trouxeram melhores condições de vida. Os aglomerados de pessoas começaram a ser muitos e de diferentes pontos do mundo. Com os seus grandes portos e com a industria a crescer, as pessoas multiculturalizavam-se com produtos vindos dos quatro cantos do mundo. Trouxeram também muito emprego e possibilidade de desenvolvimento num meio que em teoria estaria mais protegido. Com uma maior segurança, condiçoes de vida e até de higiene. Pois bem, hoje em dia na era em que vivo, vejo com os meus próprios olhos que as cidades trouxeram mais crime, mais corrupção, mais abusos de falsos nobres e burgueses, alimento para as religiões, mais doenças que misteriosamente apareceram com as cidades (como por exemplo a asma, a renite, sinusite, etc). As cidades são poluidas, sao perigosas, enganadoras e venenosas. O mal esteve desde o primeiro ser humano que consiguiu que o seguissem como organizador de toda uma tribo ou de outros que pegaram nos recursos naturais que estão ao alcance de todos, transformaram-nos, reclamaram-nos como deles devido ao factor trabalho de transformação e quiseram ser pagos por tal serviço. O mal é de quem teve perguiça e os seguiu e o mal é de quem se deja furtar pela lógica da religião e conformismo. Agora vivemos em teias económico-políticas, cada vez mais urbanizadas e não temos vida própria, somos uma espécie de zombies que vive à volta de tudo o que se constrói para nos afectar.

Lord Death xxvi ago, anno XXIX

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cracia sem demo...

Pertenci ao conselho geral transitorio da minha escola secundaria para lutar e representar pelos direitos do ensino nocturnus. Bem, digamos que me apercebi de que afnal nao vivo numa democracia assim tao deliberada. Censuraram-me por apontar os problemas com que conviviamos à noite, e abandonei o cargo no final do mandato nao me recandidatando ao conselhio ja definitivo por causa da algaraviada em que se metem os que para lá vão. E já que falo de democracia falo do meu futuro 12º ano. Os alunos têm de escolher se preferem ter sociologia ou psicologia. Eu prefiro a psicologia e tenho pena de que nao se possa abrir uma turma de cada, assim a disciplina que tiver mais alunos inscritos ganha. Não fiz campanha pela psicologia porque vai contra os meus principios. Acho que cada qual deve escolher da sua livre vontade e consciencia. O que fiz foi apenas aconselhar os meus colegas a procurarem os programas e a questionar pessoas de ambas as areas para poderem decidir por eles. Mas houve uma "stora" que pela amizade aos "profs" de sociologia começou a fazer campanha pela mesma. O que fêz foi imoral é triste dizer isto mas uma pessoa com cerca de cinquenta anos nao ter um pingo de ética profissional espelha bem como vao as pessoas a frente dos pequenos barcos do meus país. Nao disse a ninguem para escolher sociogia mas fez pior.... influenciou os alunos e enganou-os com a sua conversa.É pena isto terminar assim mas como nao foi a sociologia eleita de forma democratica vou pedir transferencia para uma escola onde haja psicologia e aquela professora pouco profissional vai levar uma cartinha para a directoria da escola e para o ministerio da educaçao, espero que a chamem simplesmente à atenção. Aproveito para dizer que tal pessoa é uma excelente profissional a dar aulas e como pessoa é cinco estrelas, já no cargo de coordenadora do ensino recorrente é uma nulidade. Encaminha toda gente para os cursos EFAs onde pouco ou nada se aprende e ajuda a emburrizar portugal. Esta é daquelas que não deve ir as manifs porque nao sabe o que anda a fazer.

Lord Death xxxi jul. anno MMIX

Senhor demo...

O engenheiro Sócrates bem pode não ter oposição de jeito e até fazer uma enorme engenharia financeira o que levará a esconder bem os numeros que o envolvem. Pode ter montes de campanhas contra ele mas ja fez qualquer coisita por este país. Não gosto dele, age como um demónio e fala tão bem como o diabo. E nao tenho nenhuma opção partidaria mas apetece-me hoje dizer o que de bom este pequeno anjo negro tem feito.
Em termos energéticos e ambientais fez algo. Culturarais também. E digo-vos mais... criou montes de postos de trabalho que só terão mais efeito se calhar no mandato do próximo que lá estiver a governar. Aprovou uma fábrica de energia eólica feita por alemães o que trara postos de trabalho, uma fabrica de equipamento de aviação brasileira, trara mais postos, duas fabricas de carros electricos uma norueguesa outra alema, mais trabalho, hoteis no algarve, mais trabalho, ikea em alfragide, mais trabalho e até a maior produtora iberica de azeite no alentejo construida por espanhoies e... mais uma vez... mais trabalho. Agora o ambiente... os carros electricos nao pagarão impostos, terão beneficios ficais quem de empresas os comprar e dar se á apoio monetario a quem possuir mais destes automoveis. Cerca de 5 mil euros que podem ser 6 mil e tal consoante uma troca. Quando as autarquias socialistas ouvem falar de concertos nas suas freguesias, exposições e qualquer tipo de evento cultural, apoiam monetariamente e ajudam a desenvolver a cultura. Acho que isto chega por agora... so falta o principal: o ensino, a segurança e a saude!

Lord Death xxxi jul, anno MMIX

Câncer...

Bom, já se sabe que os portugueses estão metido em tudo o que é de cientifico lá fora e que inclusivamente já fizeram descobertas importantes. Esperemos que o centro de pesquisa cientifica iberico e o outro que ha de abrir na lusitania (cortesia de Champalimaud) venham a trazer mais frutos para este pequeno grande país que muito produz em imaginação. Mas o que quero verdadeiramente dizer é sobre as ultimas descobertas do cancro. Foi feito um estudo numa faculdade da cidade invicta sobre os residuos que os carros libertam e sobre o fumo do tabaco. Já se sabia que a poluiçao trouxe doenças como asma, broquites, etc e debilidades para a saude humana. Mas este estudo provou que o tabaco junto com os carrinhos, matam mais pessoas de cancro do que qualquer outra doença que assole o nosso país. Há uns meses numa fac. de comibra (se não estou em erro) descobriu também uma forma mais eficaz que ainda está em fase experimental, de reduzir ou matar mesmo o cancro. Mais uma vez em terras e por cientistas tugas (somos mesmo pequenos e ignorantes). Ora a nossa pequenez fez-nos descobrir uma maneira de estimular os eritrócitos (acho que era este tipo de globulos brancos)ou os linfócitos a guerrearem com as células cancerigenas e eliminá-las. Teriam de se retirar uns quantos destes "policias" anatómicos, armá-los cá fora e voltar a mete los no organismo estimulando-os para o combate das suas vidas. Durante este mês outra descoberta anti cancerigena foi feita cá. O paládio (um metal ou derivado de metal) pode também ser utilizado ao invés da tradicional quimioterapia e nao trará à priori efeitos tao indesejados secundariamente. Realmente somos pequenos mas com pernas muito grandes.

Lord Death,xxxi jul
anno MMIX

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Na poeira e na estrada...

A trabalhar na poeira com o sol do meio do dia a arder por cima. Tudo tem de estar preparado as 16:00h. Somos nós que compomos tudo para que o festival se realize. Montagem de luzes, de som, de palcos, roadies, grupies, cerveja e comeres, seguranças, etc. A soar que nem um atleta estamos a levantar os lead walls ao som dos testes. Roadies apressados, todos com scenarium empoeirado, simples e orgulhosamente com amor à camisola. É mesmo um meio em que so se pode trabalhar porque se gosta, senão nao se aguenta lá muito tempo. Ás quatro abrem as portas e uma onda de histerismo chega bem perto do palco. Tudo a correr e a gritar por verem lá roadies em cima (nao sabem identificar os músicos). Acabados os testes, entram os Ramp em acção. Pela primeira vez em muitos anos surpreendem-me pela positiva. Devem ter um óptimo técnico de som. Deram um bom "gig". É uma enorme responsabilidade abrir para um festival desta grandeza e com nomes do arco da velharia. Logo de seguida entram em palco os Lamb Of God. Saí de tras do palco e fui curtir o concerto. Tocaram como o caraças, estes são mesmo musicos e sabem o que fazem realmente. Com um grande a vontade e sem pregar, deram uma grande concertina. Segue-se o bailarico com os Machine Head. Entram e a euforia vai ao rubro mas so dei por isso pelo barulho porque fui jantar para a "tendinha" do Staff com os meus colegas de trabalho. Quem é que aparece para jantar conosco? Os Lamb Of God. Que grande honra. Depois de nos empanturrar-mos voltamos a sair de tras do pano. Um de nós vai descansar para baixo do palco e eu mais um grande amigo vamos beber umas cervejas. (nao estou a contar os pormenores todos de um dia que começou para nos as sete da manha). Um palco rotativo so para os Slipknot que estao a entrar. Ja os tinha visto duas vezes antes desta e digo-vos, foram muito melhores das outras vezes em termos de som porque o técnico de som deve ter mudado. Ali o som nao estava muito bom (com falta de guitarras principalmente e voz nalguns momentos). Há que referir que antes deles entrarem nos fomos la para tras para o back stage para vermos a entrada desta crew carnavalesca e nunca me tinha a percebido que um deles tem metro e meio de altura. Para compensar ha um outro que tem uns dois metros em altura e uns tres em musculos. Mas a presença deles no palco foi mais uma vez avassaladora e o jogo de luzes estava muito bom. Para finalizar sentei-me numa "case" dos Metallica e os seguranças deles ja andavam a ver se haviam bombas ou serial killers com lanternas. Os Metallica entraram cada um com uns quatro seguranças mas foi bom na mesma o Kirk entrar ao pé de nós e piscar o olhito. Ao vivo é que se nota o quanto a idade pesa. Resumindo, mais um bom espectáculo para uma banda da velha guarda alias "a banda" que teve de puxar por um publico ja algo cansado mas que nao se portou mal.


Lord Death x jul, anno MMIX

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Geração mp3

Pois bem, a indústria tanto cinematográfica como a musical, diz-se que estão em declínio por causa do download ilegal. Eu discordo. É verdade que a indústria cinematográfica para subsistir tem de ter patrocínios e tem de levar pessoas a comprar filmes e a ir ao cinema. Quando há estreias os cinemas estão cheios na mesma, os filmes mesmo vendendo-se menos, vendem-se muito na mesma e como os patrocínios são sempre empresas longe da falência, acho que esta vai subsistir (e eu não saco filmes na net porque adoro ir ao cinema e adoro ter os meus originais). Mas a indústria musical bem pode agradecer aos mp3 o facto de muitas bandas conseguirem sair da sombra. Antigamente só as maiores é que vendiam e ao invés de se criarem condições para uma maior abertura musical, criavam-se monopólios artísticos. E depois só as maiores bandas é que sobreviviam enquanto hoje em dia o mal está mais dividido pelas aldeias. Outra coisa, as grandes bandas de antigamente davam poucos espectáculos por isso mesmo, porque se sentavam confortavelmente nos sofás a compor uma nova malha enquanto o seu merchandise e cds ou vinis se vendiam ao pontapé. Resultado: haviam menos digressões mundiais, não valorizavam tanto os seus fãns e davam mais concertos nas suas zonas ou faziam mini-digressões quando precisavam de incitar as vendas ou para apresentarem novos trabalhos que esgotavam num ápice. Agora isso de trabalhar oito horas por dia como o comum mortal é que estava escasso. Faz calo dizem alguns. Hoje têm de procurar editoras, organizar os próprios concertos, criar myspaces, pensar na publicidade, arranjar promotores e agentes, trabalhar arduamente no estúdio para criar algo de novo e têm de fazer mais digressões e dar muito mais concertos para contemplarem os seus seguidores com a sua arte. Acho que é por isso que se queixam estes músicos do antigamente que tocam no agora. É porque têm de trabalhar.

Lord Death VIII abr, MMIX

sábado, 14 de fevereiro de 2009

PNR... e os seus cordeirismos

Fico pasmado quando observo os cordeirismos de que padecem os militantes e representantes do PNR (partido nacional renovador). Manifestam-se com um discurso totalmente xenófobo, munido de um cordeirismo digno de uma qualquer religião. Parecem: o Papa e os seus seguidores. Ideias retrógradas e demasiado conservadoras, esvoaçam sobre aquelas mentes. Lembro-me quando apareceu aquele partido. Dei-lhes um “voto” de confiança e não os pus logo de parte. “pode ser que não sejam nazis” pensei eu naquela altura durante a época da borbulha. Mas afinal são dotados de um espírito embrutecido pela direita extremista. Pelos vistos enganei-me rotundamente. São liderados por criminosos activistas. Quando à pouco tempo vi uns novos cartazes desses senhores, nasceu em mim uma interrogação. Estão contra o crime que vem por acréscimo à imigração. Até aí ainda não discuto. E contra a ilegalidade que tira trabalho aos portugueses. Ai ainda consigo tolerar. Mas porque chamam crime ao multiculturalismo? De repente fiquei curioso. Não consigo encontrar premissas que defendam que a livre circulação de pessoas de raças e/ou etnias diferentes e a interacção entre essas mesmas pessoas, seja negativa. Sinceramente não compreendo. Mas lembro-me de pessoas que conheço, à uns anos atrás mandarem-lhes emails a perguntar como poderiam aderir ao movimento nacionalista. As respostas foram imensas, com formulários e incentivos, etc. Mas eu por exemplo quando li esta afronta contra o multiculturalismo, mandei-lhes um mail a perguntar o porquê dessa espécie de racismo anti-cultural. Não recebi resposta. A falta de argumento para com a minha questão, só demonstra a falta de inteligência de que está munido esse partido.

Lord Death xiv fev anno MMIX

Ideias novas precisam-se...

Independentemente da política, a gestão não está a ser feita com rigor. O primeiro-ministro do meu país e os seus apêndices invadem as sondagens por não terem uma real oposição. Não há-de ser a presidente do principal partido de oposição nem o senhor presidente do partido comunista, que lhe vão fazer frente. Eu, não tendo inclinação partidária, voto sempre. Porque o devo fazer. Porque vivo e acredito na democracia. Porque é através do voto que me exprimo e é através do mesmo que posso fazer a diferença. Apesar do meu país se ter tornado um paraíso para os criminosos, onde a educação se oferece às “pazadas” e a saúde ter adormecido, eu votarei até que as forças já não mo permitam. Mas acho que para demonstrar a minha insatisfação, passarei a votar em branco. Sei que os gordos se alimentarão desse meu voto, mas até que não nasça um partido sem esquerdas nem direitas, com ideias novas, com ideias que realmente interessam e com uma maior inclinação para a gestão do que para a politica, eu jamais voltarei a votar em alguém. Ideias novas precisam-se. Precisam os portugueses, porque as que lá estão implementadas, não trazem soluções. Precisa a Lusitânia porque essa nossa alma cultural está a morrer. E preciso eu.

Lord Death xiv fev. anno MMIX

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Lex - verdadeira ou não...

Se até então eu acreditava que pertencemos a um pequeno organismo, pertencente e regido por outros maiores, compostos por corpos celestes, agora é que acredito ainda mais. Essa teoria gahou uma força maior até a bastante pouco tempo. A teoria de vários universos ganhou agora pilares mais sustentáveis. E o que quer que seja que tenha dado inicio a isto tudo e que nos possa ter criado poderá não ser perfeito ao contrário do que se alimentavam certos filósofos, apelidando essa consciência de "Deus". Agora um astrofisico descobriu recentemente que os espaços entre corpos celestes nomeadamente sistemas solares, galáxias, estrelas, etc. podem dar mesmo ao cosmos, um aspecto de esponja. Temos os corpos mais visiveis e os buracos que são prenchidos por matéria negra. E o mais interessante foi comparar as galáxias e resto e descobrir uma espécie de padrão. Agora já se começa a acreditar verdadeiramente na possibilidade de tudo isto ser um organismo (vivo). Então, eu chego a uma entidade/consciência superior (e que não apelido de deus) mas acho que o que quer que seja que nos tenha criado, é muito proavelmente um ser intelectualmente superior mas porém, imperfeito. Nós também nos "etiquetamos" de seres intelectualmente superiores aos animais pela nossa capacidade de raciocinio e por conseguirmos pegar em matéria, transforma-la e criar algo de novo. Mas os animais e as plantas também reagem à maneira deles. Mas não continuamos a ser imperfeitos? Na medida que essa imperfeição seja entendida pelo nosso desrespeito para com a vida. Também inseminamos e manipulamos. Estudamos genes e usamos animais, plantas, bactérias, enfim organismos, como cobaias. Nós também podemos ser cobaias. E estar a ser alvo de experiências perversas. Aliás, viver não é fácil. O despertar de uma célula na água e num planeta com as condições ideais para tal feito, não deixa de nos dar uma ideia de cobaias. Ainda para mais, quando admitimos ter já ideias inatas. Já nascemos proramados para algo. Assim como fazemos com os computadores, os quais até já estamos a presentear com IA (inteligiencia artificial). Nós também nos regemos (quer queiramos quer não) por leis caóticas, físicas e deterministas pelas quais não tivemos direito de escolha. Assim como os computadores e tudo o que lhes está agregado, se tem de sujeitar às nossas "leis". Mesmo assim há quem defenda que os sentidos nos enganam. Enganam-nos individualmente, mas compensam-se. Há a lei da compensação. Se estamos por exemplo a ver mal , o tacto pode compensar o objecto dando-nos outro aspecto dimensional. Assim como a audição pode ser compensada pela visãoe até o tacto auxiliado pelo olfacto e todas as demais combinações possiveis. Eles enganam portanto porque não são perfeitos e porque num universo multidimensional só tacteam um plano tridimensional. Assim, chego à conclusão de que as pessoas que defendem que até a matemática e outras ciências ou epistmologias pudessem ser diferentes e que estas estão erradas possam estar correctas, embora com alguma precipitação do foro intelectual, elas têm-nos trazido resultados. Talvez os resultados apenas que nos foram impostos por quem nos criou, mas resultados à luz do nosso universo. Se é assim que vemos e se são estas as leis pelas quais nos guiamos, devemos aceita-las como verdadeiras. Talvez não num contexto universal totalitário, mas numa realidade nossa. Governada pelas nossas leis e limitações terrenas. Assim, pode não ser a verdade absoluta e universal, mas á a nossa realidade. A nossa verdade e a única que conhecemos. Logo, A VERDADE. Govenada pelas leis e vivida por nós. No nosso misterioso mundo.

Lord Death x fev. anno MMIX

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

E porque não a música?

Para mim a música pode não ser tudo mas é uma grande parte do todo. Toda a matéria vibra, e acho que isso, todos sabemos. O som propaga-se através das moléculas e dos átomos e é captado por pedaços materiais. No nosso caso pelos ouvidos que têm células auditivas e nervos capazes de transmitir essa informação mágica ao nosso cérebro. Portanto o som vibra e faz vibrar, logo faz parte do todo. Daí os mantras, inspirados no eco da explosão universal. Têm poderes curativos e regenerativos. Daí os misteriosos cristais que aumentam as suas estalactites ou diminuem consoante as frequências de som que fazemos com que interajam com eles. São sons nos cristais de gelo. É misterioso e não menos do que o mistério do cosmos em si. Talvez estejam ligados. A música produzida por nós humanos e não faz qualquer sentido se não for sentida. Que nos traga um sentimento universalmente cósmico e nos faça sentir algo que por vezes nem nós compreendemos. Algo que transcende a visão e que esteja lá para nos fazer sentir algo mas que não a vimos. Algo que nos faz reagir e ter emoções. Que nos faz sorrir, imaginar ou chorar. Que nos traga um sentimento nostálgico quando somos novos e um sentimento contemporâneo quando formos velhos. Como um falsete que nos vem do estômago e vibra através do corpo e o sintamos no tecto do crânio. Algo que sempre tivesse lá estado. Não falo de óperas nem de fados que nos fazem compreender a vida com dor ou recheada de teatrismos. Não falo de música poderosa, com distorção e por vezes épica cheia de feelings dos antepassados. Nem falo de música étnica que está lá para transmitir histórias de culturas passadas. E muito menos falo de música clássica e orquestrada composta por maestros e recheada de matemática. Eu até ouço disso tudo. Mas a única banda que me fez reagir sem conhecer bem, foi outra. Hoje em dia conheço-a, mas quando era pequeno só a ouvia por o meu pai a ouvir. E digo-vos (a quem se der ao trabalho de ler isto) aqueles compositores sim, sentem a música que fazem. Aliás não é a minha banda favorita nem a que mais ouço mas é das minhas favoritas e das que mais ouço ainda hoje em dia. Começaram à muitas décadas atrás e eu quando os ouvi pela primeira vez foi como se os conhecesse desde sempre. E sabem porquê? Porque eu não ouvia apenas a música mas sentia-a, e mais do que outra qualquer. Esses senhores de quem falo com agrado e com a certeza de ser humano e ter na humanidade compositores como estes, são os veteranos Pink Floyd. Estes que ainda hoje tocam em novas gerações. A música que fizeram não é do passado mas sim do futuro. Não tenho duvida de que daqui a cinquenta anos, a sua música ainda estará actualizada. Se alguém um dia quiser contactar seres de outros planetas através da música eu sugiro os Pink Floyd. Música que transmita mais humanismo que esta é impossível.

Lord Death iv fev. anno MMIX

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Arquitectura celestial

Aceito as teorias criacionistas para a primeira faísca cósmica. Mas não desdenhando do ponto de ebulição em que a matéria entra depois de se contorcer sobre si própria. Aceito a teoria do criacionismo para o depositário da primeira célula na água do nosso planeta. Mas não esquecendo o poder da veracidade avaliada pelos nossos sentidos, que depositamos nas epistemologias e matemáticas. Aceito que queiram chamar a esse arquitecto cósmico…Deus. Mas continuo a não aceitar idolatra-lo, assim como não idolatro nada nem ninguém. Devemos sim respeita-lo e contempla-lo, vivendo cada minuto e respirando através de cada inalação oxigenada. Idolatro sim o meu espírito crítico enquanto humano. Nada é mais verídico do que o sentimento de que nada é mais verdadeiro acerca de respeitar esse arquitecto que não o respeito pela própria natureza. Sem missas, sem mentiras, sem cordeirismos. Apenas um respeito pela lei cósmica governada no caos pela semântica determinista e suas leis físicas e todas aquelas de que não formos capazes de visualizar neste plano tridimensional. Mas tenho outros nomes para os meus demónios e deuses. Sim… nomes mais lógicos e antigos do que as grandes fraudes humanas. Os meus próprios nomes. E é isso que me distingue dos outros animais. Somos diferentes no pensamento e na concordância e isso sim é poder. Isso do poder-mos dentro das nossas limitações físicas, pensar por nós próprios. Isso é ir de encontro ao nosso “eu”, à nossa natureza, ao nosso próprio deus ou deuses. Conviver com isso é que já é outra história. Mas eu não preciso de me agarrar a falsos profetas para viver feliz dentro do que é humanamente possível o ser. E não me refiro a prazeres inferiores, mas sim muito superiores. Dai o meu prazer, a minha satisfação, humanidade, logo felicidade. Quem teme viver é cobarde, esse vírus que é o suicídio vem dos genes viciados das religiões e falsas espiritualidades. A depressão, a negritude, o abismo. Não é que o abismo não seja curandeiro por vezes, mas é difícil entrar nessa designorância e sair dela. Beber desse graal de conhecimento para provar o que de humano têm as coisas. Os sentimentos, os ocultismos, os esoterismos. O portal que esconde o suicídio é um portal de covardia a quem não quer fazer a vontade a essa entidade originária do criacionismo contemporâneo. Para não ter de mencionar os requintes de desumanismo a que está agregada essa prática. Portanto, viver é contemplar esse “deus” e ser contemplado por ele. Mas aceitando apenas essa teoria enquanto vivermos na ignorância cientifica a que estamos habituados a ver crescer a velocidades estonteantes.

Lord Death iii fev. anno MMIX

domingo, 1 de fevereiro de 2009

1ª Crónica parte I - Intro

Estávamos no parque numa tarde de Outono quando tudo começou. O céu estava mergulhado num cinzento poluído pela urbe que crescia como um apêndice de cidade. Dava-mos uns toques numa bola suja de branco amarelado e quadrados negros rebentados, com a câmara-de-ar à mostra. Ao longe uma nova geração de banditismo se aproximava sem que déssemos conta. Os prazeres que estávamos a ter eram inatingíveis a um nível mais adulto ou maduro. Cansávamo-nos uns aos outros com risos enquanto pontapeava-mos a bola escrita em fanicos. Saltaram o pequeno muro munido de uma decadência enfeitada com escritos de “Sofia ama Jorge” ou “vota CDU” e com retalhos de cimento à espreita e à espera que as pequenas pedras de argamassa que jaziam no chão, se levantassem e os preenchessem. Empurraram um conhecido meu para o chão e tiraram-lhe a bola que tinha ganho nos cromos de uma caderneta qualquer. Daquelas em que o cheiro a plástico e a folhas novas abunda, assim como a cola dos autocolantes apetrechados de desenhos ou fotografias. Eles eram uns cinco e nós, uns três. Um já estava no chão, a tremer, com as lágrimas a entupirem-lhe o nariz enquanto passavam pelo rosto e o lavavam. O outro de nós tentou em vão tirar-lhes o objecto esférico enquanto eu assistia a tudo aquilo impávido. Troçaram da sua inocência e fizeram uma arrabia com ele. A bola ia de pé para pé, e as mãos afastavam o miúdo do tesouro fugidio. Até que ele mordeu os dedos a um que lhe pôs a mão na cara. A criança que estava em mim não o ajudou nem fugiu. Apenas ficou a assistir aquela forma de decadência humana. Mexi-me quando o outro teceu um esgar de dor nos dedos e pontapeou o meu amigo. Comecei a andar para eles enquanto o alimentavam de pontapés. O meu corpo já mexia mas a minha alma estava ainda inerte. Agarrei num deles por trás enquanto o meu espírito se enchia de adrenalina e começava a reagir, as premissas que me preenchiam a massa encefálica diziam-me que tinha de fazer algo. O quê? Eu não sabia ao certo. O rapaz acotovelou-me tantas vezes até eu o largar, magoado no peito e nas costelas. Eram mais velhos e mais corpulentos. Assim que se voltou para mim pontapeei a bola para a estrada já fora do ringue cinzento e cimentado. Um carro passava e empurrava a boa pela estrada abaixo. Furioso sacou de uma navalha e encostou-ma ao pescoço. Sempre fui frio não sei porquê às vezes não pareço humano e isso apoquenta-me. Por isso não compreendi porque é que não tive medo e não lhe disse nada enquanto sentia a lâmina fria no meu pescoço e ouvia o seu dono aos gritos a ameaçar-me. Judiaram mais um pouco connosco até que decidiram ir-se embora depois de me darem mais uns caldos. Ajudei os meus amigos a levantarem-se e fomos todos para casa para a janta quentinha que nos aguardava. Como se nada se tivesse passado, como se nada tivesse acontecido. Talvez aquilo fosse normal e a lei do mais forte tivesse mesmo que imperativamente reinar, embora os nossos olhos assistissem incrédulos aquelas tremendas injustiças. Só sei que voltei ao local do crime com um outro amigo que não sabia o que tinha acontecido. Desta vez apenas conversávamos sobre fazer cabanas nas árvores ou ir nadar no rio Tejo, estilo “Tom Sawyer”. Eles voltaram mas desta feita só em números de um casal. O meu amigo já devia ter tido problemas com eles porque os seus olhos esvaziaram-se por completo quando os viu. Ficaram negros e entristecidos. Foi-se embora a correr assim que os viu e deixou-me ali à espera. O dia era curto e já estava a escurecer. Sentei-me num banco de madeira apodrecida e comida pelas térmites, pintado com uma tinta espessa e escarlate. As folhas que esvoaçavam com o vento, varreram o chão à minha frente. Aproximaram-se de mim já a rir como covardes que eram e a chamarem-me nomes. Um deles apanhou um pau e apontou-mo como se de uma espada se tratasse. O outro assistia enquanto ria desenfreadamente. Eu fitei-os na cara e sorri. Deu-me com o pau na cara e rebentou-me os lábios. Cai no chão a ver a noite aproximar-se e as nuvens negras a anunciar chuva com a voz grave do vento a chamar para casa. Devo ter ficado só uns segundos inerte mas pareceram-me minutos. O frio gelava-me a alma até aos ossos e ergui-me sentado no chão a rir com a boca toda ensanguentada. O outro assustou-se e horrorizado fugiu. O do pau ficou e ajudou-me a levantar. Mal me pus de pé, presenteou-me com um soco no estômago. Fique sem respirar durante mais uns segundos mas mantive-me de pé. Saquei da grande faca que tinha presa entre a retaguarda das calças e a minha pele. A faca de cozinha que era amolada pelo homem da gaita de semana a semana. Mês após mês. A mesma faca que a minha progenitora usava para cortar cebolas, tomates e tudo resto com que presenteava o meu estômago na hora das minhas refeições. Fui em frente e enterrei-lhe a lâmina na zona umbilical. O primeiro impacto de pele e de carne foi como se estivesse a rasgar um pouco de cabedal. O que se passou a seguir parecia uma esponja embebida num liquido que espirrava para as minhas mãos. Larguei a faca e ele caiu já com os olhos a tremer. Tirei a faca e voltei a depositá-la no estômago. O barulho viciante era como se estivesse a penetrar uma mulher já muito húmida e relaxada de prazer. Tirei mais uma vez e agarrei com as duas mãos por cima da minha testa. Num movimento vertical enterrei-lhe a lâmina mais uma vez, desta feita no peito. Um som mais seco como se tivesse a bater em madeira abafada por borracha, seguido de um pequeno crack de afastar uma ou duas costelas. Repeti esse movimento muitas vezes até estar satisfeito. Até o meu corpo e a adrenalina se tornarem num só. Parei para ver a minha roupa ensopada em sangue e a pele das minhas mãos. O cheiro a sangue era intenso. Olhei para o céu nocturno e começou a chover-me na cara como se os céus contemplassem o meu sacrifício. Não verti uma lágrima por aquele ser imundo. O cheiro a sangue eram um pouco ferrugento e o ar enchia-se de cheiros de terra empapada em água de chuva e madeira de árvore outonal. Deixei lá a faca como se tratasse de Excalibur e abandonei o local em direcção ao jantar que me aguardava, quente e suculento.

Lord Death i fev. anno MMIX

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

As faces da moeda

Fico ligeiramente perturbado quando observo na minha escola repleta de vida noctívaga, os professores a usarem os próprios porta-moedas para segurarem a lente reflectora de um retro-projector. Fico ligeiramente chateado quando vou à faculdade onde andam alguns amigos e reparo nas condições que têm para trabalhar. Fico ainda pior quando vejo na televisão listas de espera nos hospitais portugueses de não sei quantas horas. E de ver um policia da PSP num jogo de futebol mais preocupado em agarrar o próprio chapéu por ter de ser ele a paga-lo do que própriamente em acabar com uma invasão de campo. E de ver manifestações da polícia porque são mortos a tiro e ninguém faz nada nem lhes dão sequer coletes à prova-de-bala. E quando vejo imagens da TV de intalações de GNRs lá para o interior nortenho, todas decadentes e a cair aos bocados, sem candições para que se faça lá uma queixa em privado.
Mas depois vejo na outra face da moeda pontes a mais sobre o rio lisboeta, alfas pendulares, aeoroportos, e como se a Lusitânia fosse um país rico, o ensino a ser destruido com cursos da treta e subsidios para dar computadores a toda gente. As pequenas/médias empresas caem em derrocada, vão à falência e provocam desemprego, mas os meus impostos para tapar buracos às asneiras a que os bancos se permitem já podem esvoaçar. Ninguém se sente apoiado com estes apertos em tempos de crise, mas os que mais ganham e fazem asneiras nas grandes empresas ainda saem com indemnizações e reformas multimilionárias. Os corruptos vão a tribunal e o estado ainda é condenado a indemnizá-los. Dá gosto não dá?
Estas são as duas faces achatadas da moeda do meu país. Mas uma moeda tem três faces...

Lord Death xxvii jan, anno MMIX

domingo, 25 de janeiro de 2009

Existencialismo e a viagem

Vivemos condicionados à nossa própria matéria orgânica. Tudo o que o nosso corpo produz, são sensações e derivados de reacções. A única verdade que temos como absoluta é a de que existimos espiritualmente. Esta espécie de energia que nos coordena as células e os pensamentos teve de vir de algum lado. Agora, se é essa mesma que organiza as células e a química corpórea humana, o que é que impede o pensamento de se desorganizar se não estiver “agarrado” ao corpo? O determinismo a que está agregado o nosso físico é o que verdadeiramente impede de nos desdobrar-mos multidimensionalmente no cosmos. As leis caóticas têm realmente uma palavra a dizer sobre isto tudo. Eu vou por este ou por aquele caminho na estrada ou caminhando no passeio, porque conheço o caminho e me oriento pela visualização das reacções da matéria que está a minha volta com os fotões de luz. E o que faz com que eu transmita a informação de que está ali algo de sólido ou de físico é um órgão: o olho. Que liberta informação eléctrica e dá choques que fazem reagir os nervos e a química cheia de códigos que vai transmitir toda essa informação ao meu cérebro para que o meu espírito possa reagir perante essa informação toda e se oriente sobre o que poderá ou não, fazer a seguir. Assim o é com todos os sentidos que transmitem informação ao corpo que por sua vez a transmite ao cérebro que a vai transmitir finalmente ao nosso “eu”. Só mesmo aí nesse íntimo é que tenho mesmo a certeza do meu existencialismo. Como já Descartes dizia “eu penso, logo existo”. E o que acontece antes de nascermos como um ser físico, feito de matéria orgânica? E quando morremos? Bom, as nossas moléculas desprendem-se da vida terráquea e a vida celular ganha uma nova demanda. E se a esse vaguear se juntar uma consciência não só com a sua informação de ácido desoxirribonucleico mas com mais qualquer coisa de informativo? Daí a afinidade molecular que apresentamos quando as nossas células estão desprendidas dos corpos. Também a informação dos genes e das células é transportada e logo tem tendência a dar-se só com os da sua espécie. Logo, se as células andarem juntas, poder-se-á dizer que a nossa alma vagueia algures por aí no cosmos. E para aqueles que acreditam na reencarnação, pergunto porque é que tem de se necessariamente reencarnar na terra? E num humano ou animal? É verdade que os animais e plantas também sentem. Todos os seres vivos têm percepção sensorial. Daí eu até nem achar errado a morte dos animais para assegurar a nossa existência através dos derivados proteicos. Se calhar deveriam era de serem mortos de maneiras mais civilizadas e serem mais respeitados em vida. Mas de resto, servem-nos de alimento assim como as plantas. Seria injusto dizer que os animais eram passíveis de não serem comidos mas os vegetais e tubérculos já poderiam ser. Todos foram feitos para interagir com os seres pensantes, e os corpos físicos para alimentarem qualquer coisa. Nem que seja o cosmos. Daí este ciclo da vida. Um denominador comum a todos os seres vivos: água. A luz também é necessária mas nalguns é de maneira indirecta e pode ser menos usada com todo o seu conteúdo vitamínico. Mas as plantas alimentam-se de água essencialmente e de luz, assim como de oxigénio. Os animais já se dividem em dois sítios, alguns comem esses seres intelectualmente inferiores e na sua maioria verdes e outros alimentam-se uns dos outros. Nós alimentamo-nos de todos eles. A terra alimenta-se da vida que está instalada no seu eco sistema.O sistema solar dos planetas, estrelas e satélites planetárias (para além de todas as entidades cósmicas à parte como a poeira e os traços de ADN nos anéis e cometas, vida bacteriana, etc.), as galáxias de sistemas solares e não só e o cosmos alimenta-se das galáxias. Agora pergunto o que se poderá alimentar dos universos? Sim, nunca foi provado que há um universo para além deste mas também ninguém ainda conseguiu provar o contrário. E se todo este eco sistema universal interage como um computador orgânico de matéria regida por leis de dinamismos interactivos, porque é que se ressuscitasse-mos não poderíamos fazê-lo na outra ponta do universo. Se a nossa energia for captada e forçada a interagir com a matéria energia negra, viaja na matéria negra através dessa mesma energia que nos cega os horizontes. Se chegar à velocidade de escape de um buraco negro, rapidamente ultrapassa a velocidade da luz e pode sentir-se com afinidades para ser atraído por traços de ADN inter-planetário como nos anéis de Saturno. Ou repelido por células cujos genes não se dão com estes. E andaremos sempre nestas lutas até encontrar-mos a luz de uma estrela? E porque não. Os fotões viajam da estrela para fora. Se as células forem agarradas aos fotões e chegarem à atmosfera de um qualquer planeta recheado de vida, poderá sentir-se atraído pela energia de um qualquer ser a nascer e unir-se àquele que será o hospedeiro de mais uma aventura de vida “extraterrestre” ou mesmo terrestre.

Lord Death, xxv jan anno. MMIX

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Nostalgia

No outro dia cheguei ao escritório e vi uma mulher em pé perto de uma secretária, outra que estava a trabalhar nessa secretária e a falar com a outra e uma outra ainda, constipada a trabalhar numa secretária diferente. Três mulheres que me viram crescer. Recordo com alguma nostalgia (daquelas que nos fazem querer regressar a outros tempos e nos provocam uma sensação de vazio no estômago) o tempo em que melhor as conheci. Quando todo o meu ser absorvia as sensações a uma velocidade estonteante. Não sei porquê as minhas recordações mais sentidas e vividas à flor-da-pele vêm sempre em tons de Outono. O céu cinzento, os chuviscos e a humidade no ar, o cheiro a terra molhada no relvado em frente à minha antiga casa, as folhas das àrvores que cobriam o chão da calçada e os cantos das estradas mal alcatroadas, os muros baixos da minha escola primária munidos de umas redes ferrugentas, etc. Aquela zona faz-me sempre regressar. Mas para não fugir muito ao assunto, lembro-me de quando uma destas mulheres me pegava pela mão e me levava até às torres imponentes em frente ao meu prédio, ao lado desse pequeno relvado. Com quispos vestidos, calças de ganga e cheios de camisolas (ah, como eu odiava estar cheio de camisolas) lá subíamos nós em direcção ao "cabeleireiro das torres". Na verdade era uma cabeleireira. Uma mulher desperta, esta que me levava com ar maternal. Andava sempre de um lado para o outro a trabalhar pelos escritórios, finanças e outros gabinetes deste país. A sua pele sempre foi morena mas não de um moreno carregado, lembro-me ainda de ser bem lisinha (a pele) e forte de aparência (a senhora). Com um olhar desperto e muito comunicativa. Mas não barulhenta. Chegava ao cabeleireiro e via a outra a cumprimentar toda gente com um sorriso estampado na cara. Muito mexida, a perguntar como queriam o cabelo, a sugerir isto e aquilo, a falar das revistas e das fofocas. E eu envolto no meu mundo com os cheiros dos perfumes das senhoras, dos meninos que se lavavam mal e que iam pelos braços das mães cortar os cabelos, os cheiros característicos de crianças, dos shampôs anti-caspa, das ampolas, dos cabelos a queimar nas máquinas das permanentes que se faziam (penso que ainda se façam) numas máquinas que pareciam aos meus olhos de criança um capacete de astronauta, dos vernizes, etc. Um mundo de cheiros diferentes e algo quentes. O toque delas a lavarem-me os cabelos vermelhos com a àgua quente e a meterem-se comigo enquanto me chamavam de reguila. Saía dali e ia para o escritório, estava lá à pouco tempo uma outra que gargalhava muito enquanto trabalhava (era mais barulhenta) que cheirava mais a bases faciais e a maquilhagem, que se vestia mais com saias e botas de cano alto. Todas muito dinâmicas naquela altura.
Quando me passou esta visualização em seguntos, volto ao anno de MMIX ao escritório no qual comecei este texto. Estavam já as três ao balcão a conversar como se se conhecessem à mil anos (e conhecem). Uma já me perguntava a idade e que se lambrava das minhas traquinices e outra diz que o tempo passa depressa enquanto a outra se assoa de uma maneira engraçada. Continuam todas com um ar maternal mas já a passar para um ar dotado de um aroma menopáusico. Já se lhes notam pequenas manchas na pele (rugas), até as sardas da mais sardenta se transformaram, as mãos um pouco enregelhadas como se estivessem mergulhadas em àgua durante uma hora, o pescoço a notar-se já as peles mais flácidas e sem tratamentos do foro estético. As três estavam muito cómicas, muito engraçadas mesmo. Já com os olhares cansados, já com os sorrisos diferentes já trajadas com menos cores, já com uma vida inteira passada à sombra de risos e tristezas, bons momentos e outros menos agradáveis. Sem a inocência substituída pela sabedoria, com os corpos desgastados. E eu a observar como sempre e a meter-me quando puxam por mim, mas quando paro a observar a vida que vai passando apetece-me registar sempre estes momentos.

Lord Death, xxi jan. anno MMIX